terça-feira, 30 de junho de 2009

"Change" à portuguesa




Barack Obama revolucionou definitivamente a maneira como se entra em contacto com os eleitores. De facto, actualmente, não bastam os cartazes de rua e os debates televisivos. Um candidato tem de ser competente. A competência em período de campanha eleitoral pode ser, no entanto, confundida com a capacidade de mobilização das pessoas, não pelo conteúdo das ideias que cada candidato defende, mas pela presença. Por isso, as "máquina partidárias" não apresentam apenas os programas nas ruas e nas televisões, mas também as caras. Há, igualmente, todo um universo disponível na internet, desde os sites informativos, até aos próprios sites dos candidatos e respectivas redes sociais.

Pode ler-se no "Público" que o PS pretende que 90% da sua acção de campanha seja efectuada por voluntários, tal como aconteceu nos EUA. Todas as sedes de campanha apinhadas de gente que telefonavam, promoviam acções de campanha, para apelar ao voto no candidato pretendido, participavam em comícios... Com efeito, o PS está cada vez empenhado em seguir o exemplo de Obama e "importá-lo" para Portugal. O site da campanha do PS tem por inspiração o do Obama e, inclusive, este partido convidou representantes da "Blue State Digital" (empresa que montou o dispositivo de campanha de Obama na internet) para virem a Portugal.
A meu ver, não se deve desvalorizar de todo este dispositivo comunicacional que a internet oferece (antes pelo contrário), todavia parece-me que existe um revés para o eleitor. Infelizmente, os partidos podem tender para buscar uma certa auto-promoção, desvalorizando os conteúdos do Programa Eleitoral e da discussão de ideias. Tenho receio que, à semelhança das Europeias, não se discuta o que se deve discutir e imperem as falácias ad hominem.
O slogan do PS, como já havia escrito há alguns meses é a "Força da Mudança". Na altura questionava-me, ironicamente, se esse não seria um incentivo ao voto noutros partidos, uma vez que era o PS que estava no Governo. O PS responde agora que a mudança é a proporcionada nos últimos 4 anos, com a continuação das reformas, por mais 4. Uma excelente adaptação do slogan de Obama.
Do lado oposto, a líder do PSD, a Dra. Manuela Ferreira Leite, responde à "mudança" invocada pelo partido do Governo, com uma "Política de Verdade". Por esse motivo, a líder do maior partido da oposição diz que não vai prometer nada que não possa cumprir. Creio que este é um estímulo à credibilidade dos políticos. É necessário criar uma maior confiança nas pessoas, não lhes dando falsas esperanças, cumprindo e trabalhando para alcançar os objectivos.
Manuela Ferreira Leite responde com o que alguns comentadores, como Pacheco Pereira, chamam de autenticidade, não se "maquilhando" para atrair uma maior parte do eleitorado.