domingo, 31 de agosto de 2008

América 2008 - Sarah Palin

O mundo não está literalmente de olhos postos nos EUA, contudo todos temos consciência que o próximo presidente deste país influenciará as nossas vidas, seja de forma directa, pelas posições tomadas em diversas matérias, desde económicas a políticas e militares (um dos assuntos mais debatidos desta campanha tem sido, aliás, a problemática do envio ou retirada de tropas no Iraque), seja de forma indirecta, pela tomada de posições que nós pura e simplesmente não percebemos ou concordamos. Refiro-me, neste último caso, a uma serie de problemas que foram importados pela maioria das sociedades humanas (consumo em massa, questões ambientais, etc.).
Ora, o cenário de campanha eleitoral está praticamente concluído e formalizado. Sabemos que Barack Obama foi “aclamado” candidato democrata à Casa Branca, tendo nomeado Joe Biden como Vice-Presidente, para o caso de ser eleito. Sempre se afirmou (a própria Hillary Clinton o fez nas primárias) que a falta de experiência de Obama em matéria de negócios estrangeiros era uma grave deficiência (havia o reclame do telefone que tocava às 3 horas da manhã). Daí a sua escolha de Joe Biden que, ao que consta, tem nos negócios estrangeiros a sua especialidade.
Quanto a John McCain, a sua escolha caiu em Sarah Palin. Ninguém, a não ser no Alasca, a conhecia. Penso que esta escolha se deveu, em parte, a uma tentativa de captar o público feminino que votava em Hillary. Na verdade, apesar de esta ter manifestado o seu apoio a Obama, muitas eleitoras estão indecisas, quanto ao candidato em que votarão. Acontece, no entanto, que Palin é uma conservadora e Hillary uma democrata.
Penso que Palin é uma mulher competente, pela maneira como combateu a corrupção e reduziu os impostos no Alasca (ao que consta, segundo a imprensa norte-americana), contudo penso que é duvidosa a sua acérrima defesa das armas e o desinteresse total pelo ambiente (os ambientalistas não a suportam, também por se ter mostrado contra a inclusão do urso polar na lista dos animais em vias de extinção). O “We put the people first”, como disse quando foi nomeada Vice-Presidente, caso John McCain ganhe, pode ser contestado, pois se o ambiente continuar a ser desrespeitado, as pessoas ficam em “terceiríssimo” lugar, depois da economia, da economia e da economia. É este ponto que me preocupa. O próprio McCain admitiu, numa entrevista ao programa “60 minutes”, da CBS, que a melhor maneira de baixar o preço da gasolina nos EUA é aumentar a produção interna. Onde é que também há petróleo nos EUA? Alasca. Palin é a favor da exploração de gás natural e de petróleo, McCain, ainda não percebi muito bem. O que é certo é que há diferenças entre McCain e Palin. Esta admite-o quando diz: “Ninguém espera que concordemos em tudo, mas que governemos com integridade, com boa vontade, convicções fortes e de maneira servente [para com os americanos].”.
Neste ponto da campanha, continuam os ataques de um partido em relação a outro (num outro post poderei falar do “advertisement” da campanha de McCain que considero que não é ético) e o partido democrata critica a opção de McCain. Não sei se será pelo facto de ser uma mulher e retirar votos a Obama (Palin falou de Geraldine Ferraro e de Hillary Clinton no seu discurso, elogiando-as, na sua condição de mulher), ou se será pelo argumento da “falta de experiência”, mas este argumento assenta melhor contra Obama. É suposto um Vice-Presidente auxiliar o Presidente, não governar por ele. Assim, podem complementar-se. Ora, o ponto forte de McCain é precisamente os assuntos externos (precisa de um Vice-Presidente que o auxilie noutros assuntos). Por isso, ele é, até, como que um herói de guerra (no Vietname), apesar de todas as “nódoas” (ninguém é perfeito) que apresenta.
Sarah Palin parece-me uma mulher séria, John McCain parece-me simpático. Serão estes atributos suficientes para se ser o próximo presidente dos EUA? Não. Não sou americano, não votarei nestas eleições, mas se votasse, não saberia em quem depositaria a minha confiança, sobretudo devido às questões ambientais, combate à fome no Mundo, combate à corrupção e aos lobbies. É bom continuar a ter o sonho americano, mas é mau viver na fantasia, não encarando a realidade.
Esperemos que os americanos decidam bem e em consciência, tendo em conta outros ponto que não a economia (apesar desta os preocupar bastante, devido à crise no crédito).


Vídeo de apresentação de Sarah Palin:
http://www.cbsnews.com/video/watch/?id=4400068n

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