quarta-feira, 19 de novembro de 2008

"60 minutes" entrevista Obama (2)

Foi a primeira entrevista de Obama, desde que foi eleito Presidente dos EUA.
À CBS, Obama falou de assuntos tão importantes, como a economia, a indústria automóvel, ou o plano Paulson. Houve tempo para descontracção e para falar nas emoções da vitória e nas mudanças que ocorrerão na Casa Branca.


A prioridade de Obama neste momento é a segurança nacional e a economia. A segunda por motivos óbvios. Quanto à primeira, pode haver algumas reticências na interpretação desta questão. De acordo com o Presidente Eleito, em momentos de transição os EUA podem sofrer ataques terroristas, uma vez que se encontram num momento mais frágil. O Presidente encontra-se em funções por apenas mais 2 meses e o eleito ainda não iniciou funções. Trata-se, por isso, de uma altura um pouco desprotegida.
Relativamente à economia, Obama pretende criar emprego e resolver a questão energética.
Analisando o contexto em que o país se encontra, o próximo Presidente afirma que é importante não só olhar para a situação actual dos EUA, mas também para o que poderia ser (mais bancos podiam ter falido, o desemprego podia ser maior). Neste contexto desfavorável, Obama refere que Paulson tem tido um trabalho incansável. Aliás, ao referir que a situação não é tão má, como poderia ser, Obama referiu que em 1932, durante a Grande Depressão, o desemprego no país rondou os 25%. Actualmente não se verifica nada desse género, no entanto tal não significa que não se actue. É fundamental actuar, mas Obama avisa que não passará nenhum cheque em branco às empresas.
Questionado sobre a gravidade da questão energética, numa altura em que os preços da matéria-prima estão a diminuir, o antigo senador do Illinois diz que o problema é dos ciclos viciosos: o petróleo aumenta de preço e, quando isso acontece, chega-se à conclusão que é preciso agir; posteriormente, pode descer e já ninguém se interessa até que se chegará a um dia em que os preços do petróleo serão insuportáveis. É importante resolver essa questão, de modo a haver progresso.
Obama pretende investir na energia, em infra-estruturas, no sistema de saúde, na educação, etc. Num outro post havia já referido a necessidade de Obama definir prioridades. Podemo-nos questionar acerca do dinheiro para resolver todos estes problemas (sabe-se que Obama reduzirá os impostos a 95% da população, pelo que o dinheiro disponível será menor, em teoria).
A resposta de Obama, penso eu, nunca seria dada em Portugal: o défice não interessará, nem durante este ano, nem durante o próximo; apenas o relançamento da economia importa. Segundo Obama existe um consenso em torno deste ponto. É importante recuperar a economia.
Sobre os mercados financeiros, Obama afirmou que é fundamental haver transparência, bem como haver uma recuperação da confiança. É, portanto, fundamental, aprender algo com esta crise.
Passando para um assunto polémico, Guantanamo, o Presidente Eleito reiterou a sua promessa de encerrar a prisão, sublinhando que o país não pratica a tortura.
Quanto ao Iraque, as tropas regressarão o mais cedo possível.
Um outro assunto importante, embora tivesse estado mais em voga durante as últimas presidenciais, prende-se com a captura de Bin Laden. Defende Obama que, ao matar (objectivo que pretende atingir) o terrorista, destruirá um símbolo e a “cabeça” de uma organização terrorista. Sobre este ponto refiro que hoje a Al-Qaeda avisou os EUA, em particular o seu próximo presidente, referindo-se a ele, como “escravo”.
Para concluir esta primeira parte da entrevista, no que concerne aos assuntos que alterarão as vidas dos americanos e do Mundo, Obama falou do seu Gabinete. O nome de Clinton veio à conversa, mas Obama não se abriu; apenas disse que no seu gabinete haverá republicanos.
Para finalizar, Obama referiu que espera poder aumentar a confiança nos americanos, mas dá um aviso: não esperem que por mudar a Administração os problemas vão miraculosamente desaparecer. Gostei deste aviso e admito que é bastante importante. Ultimamente considera-se Obama como o salvador dos EUA.
Houve, também uma referência ao mercado livre e ao facto de o Governo dialogar com os americanos, de forma a explicar o que irá fazer e, caso não resulte, mudar de estratégia. Segundo Obama, porém, os americanos não desejam discursos, mas acção.
A 2.ª parte da entrevista teve que ver com as novas experiências que serão vividas na Casa Branca, bem como com a graciosidade e simpatia com que foram recebidos pelos Bush.

Opinião pessoal:

Creio que Obama fez um aviso importante: não é nenhum Messias.
A maioria das suas ideias foi reiterada: é necessário agir na Economia e no sistema de saúde.
Discordei apenas da política externa, relativamente a Bin Laden. Não me parece que ao matar o terrorista a Al-Qaeda acabe. Poderá, talvez, gerar um sentimento de vingança. Defendo, apesar disso, que a tentativa para a sua captura deve continuar, mas não tenho a ilusão que o terrorismo ou essa organização terrorista irá acabar. O problema não tem apenas que ver, do meu ponto de vista, com Bin Laden, mas com uma mentalidade de ódio que é propagandeada. É também aí que se tem de agir.

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