“O poder muda uma pessoa”. De facto, creio que o poder, ou a sua busca, mudou McCain. Podemos perguntar-nos “A que ponto é que isto chegou?”.
A meu ver, McCain era uma pessoa que parecia simpática e amiga. Quase que era impossível uma pessoa não se sentir impressionado com a sua agradável figura. Parecia ser uma pessoa racional e de princípios. Recordo-me de um jornalista do “60 minutes” lhe ter perguntado, talvez há um ano, até que ponto é que McCain não prometeria aos americanos o que eles queriam ouvir (a propósito da proposta do candidato de não retirar as tropas do Iraque). McCain respondeu que não prometeria nada aos americanos que ele acreditasse ser contra o seu benefício, independentemente da opinião pública. Foi uma boa resposta. Pode discutir-se se será positivo ou negativo retirar imediatamente as tropas do Iraque, mas o facto de se dizer que não se deve tomar essa decisão, mesmo com toda a pressão da opinião pública, poderia parecer difícil, sincero e coerente. De alguma forma, esses atributos devem constar na personalidade de um presidente. Ele não deve ser demagógico, ao ponto de fazer promessas que soam a música aos ouvidos dos eleitores, mas explicar o seu ponto de vista, de forma clara e nunca tomar decisões influenciado pela opinião pública. Obviamente que isso não quer dizer que seja ditador e que não se interesse pelo seu povo, mas antes que demonstra a capacidade de liderar e de raciocinar, ao invés de se deixar levar pelas massas (muitas vezes influenciadas pelos “media”), tomando atitudes que poderiam vir a ser negativas no futuro. Tudo isto, para demonstrar uma taxa de popularidade aceitável.
O certo é que o ritmo da campanha aumenta, as críticas ao adversário também. Começa-se a criticar por criticar. Já não interessam as opiniões do outro candidato, que é considerado sempre como um adversário e, portanto, um alvo a abater. Se houver uma declaração do adversário, deve-se atacá-la e descontextualizá-la, produzindo anúncios publicitários e repetindo sempre a mesma coisa, como se isso se tornasse realidade (é o que acontece, por exemplo, com o caso Ayers). Esta posição acaba por ser má (e é esse o objectivo) para o povo americano que começa a ficar baralhado e não esclarecido, saturado da campanha e não interessado nos problemas nacionais. Assim, apesar dos apelos ao voto, muitas vezes, deseja-se que não haja tanta gente interessada em exercer esse seu direito e, assim, pode ser que os verdadeiros filiados votem e decidam os votos do Estado. ´
McCain começa a morrer moralmente. Os seus ataques são descabidos e contribuem para uma campanha muita suja (alguns já dizem que é a mais suja dos últimos anos). A campanha de Obama responde que Mccain está desesperado e que o ticket republicano não tem nada mais para oferecer além destes ataques. O que acontece ao candidato republicano é que, ao atacar a falta de carácter do seu adversário, com frases proferidas por Obama descontextualizadas, com encontros traduzidos em amizades, acaba ele próprio por demonstrar uma enorme falta de carácter, acaba por desrespeitar a América, acaba por faltar àquilo que devemos pedir que nunca nos falte: os valores que defendemos. O que se passa com McCain? Terá ele vendido todos os seus valores com esta campanha suja, hedionda? Claro! Porquê? Por nada, assim o espero. E espero que no dia 4 do próximo mês os eleitores decidam em consciência.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Retrospectiva da campanha eleitoral (2) - O que aconteceu a McCain?
Etiquetas:
Barack Obama,
Eleições América 2008,
John McCain
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário